v Luís
da Câmara Cascudo, no seu Dicionário do folclore brasileiro,
diz que Reisado é a denominação erudita para os grupos que cantam e
dançam na véspera e Dia de Reis.
v O
Reisado chegou ao Brasil através dos colonizadores portugueses, que ainda
conservam a tradição em suas pequenas aldeias, celebrando o nascimento do
Menino Jesus. Em Portugal é conhecido como Reisada ou Reseiro.
v No
Brasil é uma espécie de revista popular, recheada de histórias folclóricas, mas
sua essência continua a mesma, com uma mistura de temas sacros e profanos.
v O
Reisado é formado por um grupo de músicos, cantores e dançarinos que percorrem
as ruas das cidades e até propriedades rurais, de porta em porta, anunciando a
chegada do Messias, pedindo prendas e fazendo louvações aos donos das casas por
onde passam.
v A
denominação de Reisado persiste ainda em Alagoas, Sergipe e Bahia. Em diversas
outras regiões o folguedo é chamado de Bumba-meu-boi, Boi de Reis, Boi-Bumbá ou
simplesmente, Boi. Em São Paulo é conhecido como Folia
de Reis, onde a festa é composta de apresentações de grupos de
músicos e cantores, todos com roupas coloridas, entoando versos sobre o
nascimento de Jesus Cristo,
liderados por um mestre.
liderados por um mestre.
v Fazem
parte do espetáculo os “entremeios” (corruptela de entremezes), pequenas
encenações dramáticas que são intercaladas com a execução de peças, embaixadas
e batalhas. Os personagens são tipos humanos ou animais e seres fantásticos
humanizados, cheios de energia e determinação.
v O
folguedo do ciclo natalino é comemorado em várias regiões brasileiras,
principalmente no Norte e Nordeste, onde
ganhou cores, formas e sons regionais. Em Alagoas, constitui-se numa
representação dramática, normalmente curta e pobre de enredo, acompanhada e
precedida de canto.
v Tem
como personagens principais o Mestre, o Rei e a Rainha, oContramestre, os Mateus,
a Catirina, figuras e moleques.
v O Mestre é
o regente do espetáculo. Utilizando apitos, gestos e ordens, comanda a entrada
e saída de peças e o andamento das execuções musicais. Usa um chapéu forrado de
cetim, de aba dobrada na testa (como o dos cangaceiros), adornado com muitos
espelhinhos, bordados dourados e flores artificiais, de onde pendem fitas
compridas de várias cores; saiote de cetim ou cetineta de cores vivas, até a
altura dos joelhos, enfeitado com gregas e galões, tendo por baixo saia branca,
com babados; blusa, peitoral e capa.
v O
traje do Rei deve ser mais bonito e enfeitado. Veste saiote ou
calção e blusa de mangas compridas de cores iguais, peitoral, manto de cores
diferentes em tecido brilhante (cetim ou laquê);calça sapato tênis (tipo
conga), meiões coloridos e na cabeça uma coroa feita nos moldes das dos reis
ocidentais, semelhante a das outras figuras, porém encimada por uma cruz; levam
nas mãos uma espada e, às vezes, também um cetro. Durante o cortejo
os Reis vêm na frente, logo atrás do Mestre e
do Contramestre. A Rainha é representada por
uma menina, com vestido “de festa”, branco ou rosa, uma coroa na cabeça e um
ramalhete de flores nas mãos.
v O Contramestre é
o responsável pelo Reisado na ausência do Mestre. Seu traje é
semelhante ao daquele, só que menos pomposo.
v Os Mateus,
que sempre aparecem em dupla, usam trajes diferentes dos outros figurantes:
vestem paletós e calças de tecido xadrez, usam um grande chapéu afunilado que
chamam de cafuringa, com espelhos e fitas coloridas, óculos
escuros, rosto pintado de preto, geralmente com tisna de panela ou vaselina e
levam nas mãos os pandeiros. São os personagens cômicos do Reisado, junto com
a Catirina.
v Conhecida
antigamente como Lica, a Catirina é a noiva do
Mateus. Veste-se de preto, traz um pano amarrado na cabeça, o rosto pintado de
preto e um chicote nas mãos, com o qual corre atrás das moças e crianças.
Recife, 28 de novembro de 2005.
(Atualizado em 16 de setembro de 2009).
FONTES:
BARROSO, Oswald. Reis de Congo. Fortaleza:
Museu da Imagem e do Som, 1996.
RIBEIRO, José. Brasil no folclore. Rio de
Janeiro: Gráfica Editora Aurora, 1970.
Nenhum comentário:
Postar um comentário